Cerca de uma em cem crianças tem autismo. E, a cada diagnóstico, a família não só sofre um baque emocional como também tem sua vida financeira impactada. O tratamento ideal do distúrbio custa em torno de R$ 5 mil mensais, e esse valor pode ser ainda maior dependendo da gravidade com que o problema se manifesta. Na luta pelo aumento da oferta de atendimento na rede pública, a Fundação Mundo Azul oferece um grupo de apoio a pais interessados em debater os direitos de quem convive diariamente com o autismo.
Responsável por seis unidades de atendimento a autistas na cidade do Rio, a Secretaria municipal da Pessoa com Deficiência (SMPD) admite que os centros de referência ainda não são suficientes para atender a demanda e, ocasionalmente, pode haver fila de espera.
No ano passado, foi sancionada uma lei, de autoria do deputado estadual Xandrinho (PV-RJ), que obriga o governo estadual a implantar centros de reabilitação integral para crianças e adolescentes com autismo. Segundo o advogado Luciano Aragão, fundador da Mundo Azul, a determinação é importante porque os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) — para onde os pacientes costumam ser direcionados — não oferecem atendimento especializado para autistas.
— O autismo é um transtorno global do desenvolvimento. Por isso, a criança precisa ser estimulada constantemente em todas as áreas para se desenvolver, com ajuda de psicólogo, psicopedagogo, psiquiatra, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e professor de educação física — diz Luciano.
Aragão fundou a Mundo Azul há três anos para apoiar quem passa pela mesma situação que ele. O advogado é pai de João Pedro, de 10 anos, diagnosticado com autismo aos 3. O menino chamou a atenção da mãe, a relações públicas Denise Fonseca, pelo comportamento restrito, por não fazer contato visual com outras pessoas e pelo atraso na fala.
— Trabalhamos pela conscientização da população sobre o autismo, pelo acolhimento das famílias e pelo direito dos autistas. Queremos que eles recebam diagnóstico precoce e tenham onde se tratar — defende Luciano.
Na falta de vagas na rede pública, associações e entidades filantrópicas são opções para conseguir tratamento, embora nem sempre o ofereçam de forma multidisciplinar, como é o ideal.
De acordo com o psiquiatra da infância e da adolescência Caio Abujadi, do Instituto Priorit, o alto custo do tratamento dificulta a criação pelo governo de mais unidades com atendimento:
— O que se tem hoje é apenas o começo. São profissionais se unindo para idealizar estruturas básicas. Estamos atrasados nessa questão
UNIDADES QUE OFERECEM ATENDIMENTO
– Centro
Centro Integrado de Atenção à Pessoa com Deficiência – CIAD Mestre Candeia
Avenida Presidente Vargas, 1.997. Telefone: 2224-3139.
– Vila Isabel
Centro Municipal de Referência da Pessoa com Deficiência – Rua Correia de Oliveira, 21. Telefones: 2258-1571 e 2258-1573.
– Campo Grande
Centro Municipal de Referência da Pessoa com Deficiência – Rua Carlos Boisson, s/nº. Telefones: 2412-1807 e 2412-1888.
– São Conrado
Centro Municipal de Referência da Pessoa com Deficiência – Avenida Niemeyer, 776/10º andar. Telefone: 3111-1096.
– Irajá
Centro Municipal de Referência da Pessoa com Deficiência – Avenida Monsenhor Félix, 512. Telefone: 3457-4254.
– Santa Cruz
Centro Municipal de Referência da Pessoa com Deficiência – Rua Felipe Cardoso, s/nº. Telefone: 3395-0347.
Fonte: Camilla Muniz