Depois de três dias de uma greve inédita da corporação, a Guarda Municipal decidiu suspender temporariamente a paralisação iniciada no último sábado.
A decisão foi tomada ontem à tarde, depois de uma reunião do prefeito Eduardo Paes com uma comissão. No encontro, Paes só concordou em iniciar o diálogo após os agentes voltarem ao trabalho, já que a intenção inicial era manter a paralisação pelo menos até a próxima sexta-feira. Pela manhã, uma liminar obtida pela prefeitura havia determinado a retomada imediata ao trabalho, sob pena de multa diária de R$ 100 mil, a ser paga pelo Sindicato dos Servidores Públicos do município.
A categoria, que cruzou os braços no último sábado, reivindica piso salarial de R$ 1.800, implantação de novo plano de cargos de salários e, até mesmo, o direito de usar armas letais e não letais. Com o retorno ao trabalho, a comissão deve se reunir hoje com técnicos da Secretaria municipal de Administração, para iniciar as negociações sobre as reivindicações.
AGENTES DEFENDEM MUDANÇA DE LEI
O uso de armas não letais está suspenso há alguns meses, por uma liminar em ação movida pelo Ministério Público do Rio. A alegação do MP é que o emprego de qualquer tipo de armamento não é permitido pela Lei Orgânica do Município e, por isso, a categoria reivindica alterações na legislação.
A corporação jamais empregou armas letais, e a ideia não conta com a simpatia da cúpula da Guarda Municipal.
Ontem pela manhã, centenas de agentes participaram de um ato em frente à sede da Guarda Municipal, na Avenida Dom Pedro I, em São Cristóvão.
A PM chegou a bloquear o trânsito da via por mais de três horas. A ideia original era que os guardas seguissem em passeata até a sede da prefeitura, na Cidade Nova.
Os grevistas, no entanto, desistiram, depois que um deles declarou num alto-falante que Paes teria feito um apelo para que não seguissem até a prefeitura, a fim de evitar mais confusão no trânsito. A assessoria do prefeito não confirmou a informação.
Segundo o comando de greve, pelo menos 70% dos agentes teriam aderido à paralisação. Apenas serviços essenciais, como a ronda escolar na rede municipal, a operação das faixas reversíveis de trânsito e a vigilância de parques públicos teriam sido mantidos.
A Guarda Municipal, por sua vez, não divulgou um balanço. Mas a redução dos agentes nas ruas deixou transtornos.
— Em alguns pontos, como no Centro, tivemos que substituir parte do efetivo da Guarda Municipal por operadores de trânsito, deslocados de outros pontos da cidade ou que permanecem normalmente de prontidão (reserva técnica) para atender a emergências — disse o secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osorio.
Hoje, o vencimento inicial de um agente da GM é R$ 1.506,78, incluindo salário-base de R$ 753,39 e R$ 753,39 de adicional de risco. Os agentes também recebem um adicional de R$ 132 de auxilio-transporte, R$ 200 de assiduidade e R$ 360 de vale-refeição. Além disso, ganham 10% de aumento nos três primeiros anos de trabalho e mais 5% a cada triênio. A categoria reivindica que o salário-base passe para R$ 1.800 preservando os demais benefícios.
Fonte: O Globo
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